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Pequenas notas sobre locais de cruising gay e hétero em SP
Av. 23 de maio, no bairro Paraíso, altura da IBM à direita da foto encoberta pelas árvores. Um dos lugares mais tradicionais de dogging hétero de São Paulo.
Ouvindo
Eu sou um voyeur por excelência. Adoro ver. Curto observar. Participar é outra história e nem sempre necessário.
Diferente das interações gays em lugares públicos, que são mais explícitas (já no século 19, no Rio de Janeiro, havia registros policiais de banheirões), e fragmentadas em centenas de lugares em São Paulo, o dogging hétero é sempre mais discreto. Dogging, que é um traço cultural-sexual dos ingleses, por exemplo, diz respeito originalmente às interações de casais em lugares públicos. Sexo na rua, no carro. Londres é quase a capital da prática na Europa. Por lá há grandes comunidades organizadas e muitos locais. Aqui é tudo menor e mais velado.
Alguns são lugares famosos. Na Lapa, na Vila Alpina, nas internas do Parque Ibirapuera, próximo ao Museu no Ipiranga e, pertinho de casa, no Paraíso.
No Paraíso, tudo ocorre perto do prédio da IBM. São 4 lugares específicos. Os garotos de programa ficam numa via interna da própria avenida, na mesma calçada do prédio. Os gaviões, na rua lateral, e um mix sem michês, em dois pontos na Rua Curitiba. No final da rua, quase na 23 de maio, e outro mais pra dentro do bairro, não muito longe das instalações do exército e da PM. Os homens sozinhos são maioria na rua. Nos carros, os casais. Sexta e sábado, a partir das 23h, o movimento começa. E vai até por volta das 4h da manhã. É um lugar essencialmente frequentado por héteros, é bom que se diga. E respeito e educação é ordem entre os mais assíduos.
Gays tem poucas chances. E nem sempre são bem vistos. Os garotos de programa não gostam. Os gaviões também não. Dizem que atrapalha o rolê. Eu já fui algumas vezes. A primeira vez fui levado por um cara que conheci no ponto de ônibus, frequentador que me explicou tudo sobre a dinâmica. Depois estive outras 2 vezes com casais conhecidos. Uma outra vez fui com um Uber que gostava da prática. E também já passei a pé, sozinho, só para observar.
Apenas 2x eu vi tudo bem perto. Com um dos casais, onde a mulher chupou um cara na janela do carro, e eu e o marido dela ficamos assistindo, e com o Uber, que saiu do carro dele, entrou num carro com um casal e depois me chamou pra ver quando o casal autorizou. O Uber comeu a mulher em pé encostado no carro e gozou nos seios dela. Foi engraçado por que depois o marido (um cara lindo, aliás esse casal era muito bonito) foi lá e limpou a porra delicadamente com um lencinho umedecido.
Curti ver. Como curto sempre. Antes da pandemia eu até estive fotografando pessoas transando. Um exercício de fotografia, um projeto que está parado.
A foto aí embaixo é um desses ensaios.
Em breve quero voltar a ver e fotografar. De máscara, claro. E eu sem participar. Apenas olhando.
Me chama pra fotografar você transando. Ou me chama pra te ver se exibindo na rua, no carro. Sou bom companheiro mesmo sem participar diretamente.
Já o cruising gay acontece em centenas de lugares, que sempre falamos no twitter. Diferentemente do cruising hétero que tem foco sempre nas noites e madrugas, a prática gay acontece em qualquer horário, mas diminui consideravelmente nas madrugas pelas ruas.
Tem muitos lugares com garotos de programa de rua, que sempre tem uma aura meio marginal e eu não curto, mas é até divertido passar de carro (Tv Cultura, Carrão, região do Dante, do Trianon, discretamente pelas esquinas dos Jardins, ou no centrão). Saudade autorama do Ibirapuera.
Aliás, se você souber de lugares de dogging gay nas ruas nas madrugadas, me conta. Deixa comentário, manda mensagem. Quero saber.
Não esqueça - estamos numa pandemia. Cuide-se e cuide do outro.



Um dia vão abrir um museum inspirado em você! É muita informação sobre uma cidade dentro de uma pessoa só. ;-)
Me fotografa! Hahaha